sexta-feira, 26 de setembro de 2014

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE: QUE QUALIDADE PRETENSAMENTE, DEFENDEMOS PARA ESCOLA PÚBLICA DO ENSINO BÁSICO?

A proposta dos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro para educação pública se constitui numa estratégia a partir do discurso da eficiência e de uma gestão com base na competência administrativa e gerenciamento dos recursos públicos tanto nas secretarias de educação, diretorias regionais como no interior da escola pelas diretoras (es) fundamentada na relação custo benefício da educação. Essa suposta qualidade embora seja sedutora trás mecanicamente o discurso e a prática empresarial de controle, competição, concorrência, divisão, destrói os laços de solidariedade entre os trabalhadores e alimenta a ilusão de ganhos temporários e parciais com gratificação e bonificação entre os profissionais da educação e consequentemente entre os alunos(as). Enfatiza-se a participação dos sujeitos sociais envolvidos como figura de linguagem e construção de “acordos” tácitos, apregoando os resultados de qualidade do sistema educacional nos índices de avaliação externa e da burocracia nos setores de gestão e poder dos governos. Seguramente essa não é qualidade que queremos.
     Cabe a nós profissionais da educação que vivenciamos o  cotidiano escolar apresentarmos nossa proposta de qualidade da educação a partir das nossas condições de trabalho vivenciadas no chão da escola e exigirmos sua implantação aos governos patrões. Diante desta constatação e necessidade por uma educação de qualidade pela concepção dos profissionais da educação, conhecedores(as) dos problemas que enfrentamos nas escolas, que  não são poucos, é que estabelecemos as bases objetivas para essa conquista:
A)     1/3 de planejamento fora de sala de aula como determina a lei, pois precisamos de tempo para elaborarmos uma aula com o mínimo qualidade, na medida que temos que trabalhar em até 3 ou 4 escolas.
B)     Precisamos retornar a garantia de permanência de uma matrícula em uma escola, pois a otimização realizada nas escolas estaduais levam professoras(es) ter que trabalhar em várias unidades escolares, com turmas lotadas, transportes precários  estão provocando  esgotamento físico, fonoaudiológico, psicológico, emocional e o estresse  levando-os ao abandono da carreira precocemente.
C)     Retorno a matriz curricular com 30 tempos e o aumento para dois tempos  ás disciplinas de artes no ensino fundamental, sociologia e filosofia no ensino médio porque sem essa adição não é possível aula com dignidade.
D)     Gestão democrática nas escolas com eleições diretas para diretores pela comunidade escolar, sem a imposição de direções forjada pelo governo afim de impor suas práticas autoritárias e aniti- democráticas.
E)      Sabemos que assim como um hospital não funciona decentemente só com médicos, a escola também não funciona da mesma forma só com professores, mas fundamentalmente com os funcionários que precisam ter carga horária de 30 horas e condições dignas de trabalho, salário decente com ingresso por concurso público. Além disso as escolas carecem de inspetores, merendeiras e porteiros essenciais ao ambiente escolar.
F)      Não devemos esquecer que, ainda não adquirimos uma política de valorização dos profissionais da educação, taõ pouco um aumento salarial que beneficie todos os profissionais da educação e das camadas populares que envolvem diretamente os pais dos nossos alunos.
A qualidade tão almejada tanto pelos sujeitos coletivos da escola como por toda a sociedade dependem que os educadores tenham tempo disponível de efetivamente exercer sua participação, estarem juntos dos seus pares, dos alunos e pais de alunos, necessários para manter uma continuidade de formação e amadurecimento das inúmeras questões que envolvem um ensino de qualidade e o repensar no contexto dinâmico da prática pedagógica. É importante e necessário que este tempo disponível não venha ser decidido pelas instâncias de poder de forma arbitrária e burocráticas que ampliam carga horária sem corresponder aumento salarial.
2014 será emblemático para sociedade e para educação pública brasileira, devido segundo Roberto Leher aprovação pelo senado do (PNE) Plano Nacional de Educação (21013) e agora consagrado com o apoio do governo Dilma, ministro da educação Aluísio Mercadante e das lideranças partidárias da base do governo a prevalência dos setores privados no financiamento da Educação pública brasileira que teve a qualificação “publica” apagada em prol das parcerias públicos- privadas um anseio vivamente reificado pelas corporações de “novo tipo ”, que operam no setor de serviços educacionais e, avidamente, pelas coalizões empresariais imbuídas de um projeto de classe difundido como a salvação da educação brasileira.

Esta decisão do governo federal em conjunto com frações robustas da burguesia empresarial e financeira: sistema (S) Sesi, Senai, fundações Airton Sena, Bradesco, Itaú, Roberto Marinho e outros agentes travestidos de entidades educacionais aprofundarão o sucateamento da educação pública e a desvalorização dos profissionais na educação no ensino básico do Rio de Janeiro, através da canalização dos recursos públicos do orçamento do estado e dos municípios para essas esferas privadas, que pretendem uma educação mínima para os trabalhadores(as) desprovida de censo crítico e voltada para atender a força de trabalho barata para classe empresarial.
Estamos em plena COPA DO MUNDO NO BRASIL e as contradições apresentadas pelos governos Dilma, Eduardo Paes e Pezão são cristalinas com a explosão de greves nos setores de educação, saúde, transportes, coleta de lixo, construção civil, segurança pública, movimentos de ocupação pelos sem teto nas cidades e no campo, dos povos indígenas, a criminalização e repressão aos movimentos sociais além do processo inflacionário galopante que seguramente terá consequências drásticas após a copa para os trabalhadores que serão chamados a pagar as contas, pois para FIFA só caberá os lucros, o prejuízo da festa ficará para o povo brasileiro paga-lo.
Por essas demandas é que não podemos nos calar diante dos governos precisamos manter a luta política e do movimento de greve, com a participação da educação estadual e municipal do Rio de Janeiro e outros municípios que estiverem lutando no estado, rumo ao encontro nacional de educação e a unidade com amplos setores da classe trabalhadora em luta por melhores condições de trabalho e de vida. 
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REFERÊNCIAS
LEHER, Roberto. Novo Plano de Governo visa consagrar a prevalência do setor privado no  financiamento da educação. 21 de Janeiro de 2014.


SEMINÁRIO “ A geografia e a História no Ensino Fundamental” . Secretaria Municipal de educação do Rio de Janeiro. UERJ, 12, 13, 14,  Setembro de 2001.

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